Cabana, Pioneiro da Azul e Branco.
Silvestre
David da Silva, o Cabana é sinônimo de compositor para a Beija Flor. Legítimo
pioneiro, Cabana foi figura marcante não apenas na agremiação que ajudou a
fundar, mas também na própria construção do moderno carnaval carioca. Passados
mais de 25 anos de sua morte, sua importância só faz crescer. E embora tenha
deixado seu nome como compositor também em outras escolas, Cabana será sempre
associado ao carnaval de Nilópolis.
Inscrito na história da agremiação como autor de seu primeiro samba enredo – “Caçador de Esmeraldas” de 1954 – Cabana foi ainda um dos responsáveis pela criação da Beija Flor como escola de samba propriamente dita: foi ele quem registrou, em 1953, o então bloco Associação Carnavalesca Beija Flor na Confederação das Escolas de Samba para o desfile oficial de 1954, no segundo grupo. O resto é história: “Caçador de Esmeraldas” levou a escola a seu primeiro título e Cabana transformou-se em símbolo da Ala de Compositores da Beija Flor. “Ele tinha um estilo único, tanto de compor quanto de cantar. Era reconhecido em todo o Rio de Janeiro e com ele a Beija Flor seguia junto” afirma Gilson Doutor.
Nascido a 22 de julho de 1924, no bairro da saúde, Silvestre ganhou o apelido de “Cabana” logo que começou a compor em meados dos anos 40. Mesmo não tendo participado da histórica reunião de dezembro de 1948, que criou a Associação Carnavalesca Beija Flor, esteve sempre presente na evolução do então bloco de carnaval.
Inscrito na história da agremiação como autor de seu primeiro samba enredo – “Caçador de Esmeraldas” de 1954 – Cabana foi ainda um dos responsáveis pela criação da Beija Flor como escola de samba propriamente dita: foi ele quem registrou, em 1953, o então bloco Associação Carnavalesca Beija Flor na Confederação das Escolas de Samba para o desfile oficial de 1954, no segundo grupo. O resto é história: “Caçador de Esmeraldas” levou a escola a seu primeiro título e Cabana transformou-se em símbolo da Ala de Compositores da Beija Flor. “Ele tinha um estilo único, tanto de compor quanto de cantar. Era reconhecido em todo o Rio de Janeiro e com ele a Beija Flor seguia junto” afirma Gilson Doutor.
Nascido a 22 de julho de 1924, no bairro da saúde, Silvestre ganhou o apelido de “Cabana” logo que começou a compor em meados dos anos 40. Mesmo não tendo participado da histórica reunião de dezembro de 1948, que criou a Associação Carnavalesca Beija Flor, esteve sempre presente na evolução do então bloco de carnaval.
“Quem trouxe
o Cabana para a escola foi o Zairo Rodrigues, o Zairo Gogó de Ouro, o melhor
crooner que a escola já teve” conta o compositor Ary Carobinha. “ Na época, o
pioneiro compositor já defendia sambas na escolas União Entre Nòs, Deixa Malhar
e Unidos da Barão de Petrópolis. Acho que foi quando ele saía nessa escola do
Rio Comprido, no final dos anos 40, que tomou a navalhada que lhe deixou uma
cicatriz no rosto” recorda Carobinha.
O grande
passo para a aparição do Grêmio Recreativo e Escola de Samba Beija Flor foi
dado por Cabana em pessoa. Em 1953, ele tomou a iniciativa de registrar a então
Associação Carnavalesca como escola propriamente dita. Em seu primeiro carnaval
na avenida ( até então só desfilava em Nilópolis e adjacências), a Beija Flor
venceu o campeonato do segundo grupo.
Cabana era
muito popular, conhecido em todas as
agremiações e rodas de samba. “As músicas que ele fazia levavam o nome
dele longe!” diz Carobinha. Com suas boas relações entre os sambistas, Cabana
trouxe para a escola compositores importantes com Osório Lima, Walter
Batuqueiro e Ary de Lima. Mas ele não era só irreverência e bom papo, nem se
restringia a escrever seus cultuados sambas. Trabalhava duro, participando de
todas as etapas da confecção do desfile da Beija Flor – da organização dos
ensaios ao preparo das fantasias. “Até carro alegórico ele ajudava a montar”
lembra Aluízio Ribeiro, presidente da Velha Guarda da escola.
Depois de
emplacar em 1962 o samba “Dia do Fico” com o qual a Beija Flor chegou ao
segundo lugar do grupo principal do carnaval carioca – Cabana amargou em 1964 o
reverso da glória. Defendendo seu “Café,
Riqueza do Brasil”, a escola de Nilópolis foi rebaixada para o terceiro grupo,
o fundo do poço em sua história. Coincidência ou não, algum tempo depois o
compositor se afastaria da Beija Flor, partindo para a Portela.
Nos cinco
anos que ficou na Portela, Cabana teve seu primeiro samba gravado (“Tal é o dia
do batizado” para o carnaval de 1967) e firmou as duas principais parcerias de
sua vida – Martinho da Vila e Norival Reis. Em 1973, afinal, retornou a
Nilópolis, onde mais uma vez foi aclamado como figura histórica na escola. “
Foi uma tremenda festa quando ele
voltou. Apesar de ele ter feito belos sambas na Portela, a casa do Cabana
sempre foi a Beija Flor” afirma Aluízio.
Uma das
últimas “aquisições” de Cabana para a Beija Flor acabou sendo uma das mais
populares também. Foi através de Cabana que o puxador Neguinho da Beija Flor,
hoje verdadeiro símbolo da escola de Nilópolis, chegou a agremiação em 1976. “
O Cabana já me conhecia – na época eu cantava no bloco Leões do Iguaçu – e me
indicou para o Anízio (Abrãao David). Ele me deu muita força” lembra Neguinho.
O pé quente do fundador funcionou: composto e defendido pelo próprio Neguinho,
o samba “Sonhar com Rei dá Leão” levou a Beija Flor a seu primeiro campeonato
no grupo principal.
Após voltar a
Beija Flor, Cabana só venceu mais um concurso de samba enredo. Tem gente que
acha isso uma injustiça. “ Quando ele voltou, as coisas não ficaram como eram
antes. Na verdade, diziam que o estilo dele estava ultrapassado, não servia
mais. Mas a boa música nunca fica ultrapassada” diz Gilson Doutor.
Cabana compôs seu último samba em 1986, uma parceria
com C arlinhos Criação. Vitimado por um enfarte, morreu no dia 18 de dezembro,
aos 62 anos. Seu corpo foi velado na quadra da escola, ao som de muito samba,
como era seu desejo expresso. Ary Carobinha recorda emocionado: “ Foi uma
grande roda de samba. A bateria chegou, e cantamos todos os sambas dele, a
noite inteira.
(Fonte: Revista do Salgueiro 2002)