sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Anísio, Cabana e a Beija Flor

O jornalista Aydano André Motta lançou o livro " MARAVILHOSA E SOBERANA - Histórias da Beija Flor" pela coleção "Cadernos de Samba" (Editora Verso Brasil , 2012).
Transcrevo abaixo, um pequeno trecho do livro que fala sobre a relação entre Cabana e Anísio:


" Paixão e pragmatismo se misturam na relação inegavelmente visceral de Anísio com a Beija Flor.
A nostalgia se expressa por uma figura em especial. Cabana, nascido Silvestre David da Silva, autor de sete sambas enredo e dezenas de outras composições, tem status de ídolo para o patrono, que conhece todas as músicas do amigo e, a qualquer pedido, desanda a cantá-las.
Contam em Nilópolis que Cabana sempre dizia que seu velório seria com samba e festa, sem choro nem vela, muito menos tristeza. Enterro de sambista. Quando o dia chegou, 18 de dezembro de 1985, Anísio garantiu na quadra a realização do desejo. " Foi um festão, com muito samba e comida a vontade. Uma noite inesquecível. Cabana foi muito importante para a Beija Flor" relembra Ary José Rodrigues, presidente do Conselho Deliberativo da escola, na qual está desde os tempos do bloco."

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

O Preço da Traição por Claudio Russo

O Preço da Traição

Cláudio Russo | Claudio Russo | 23/10/2012 14h28
Ela estava errada e eu também... Eu não, de certo não! E vi que a tristeza pode ser bonita, uma beleza diferente, algo que beira o drama, comovente e afiada como a lâmina de um punhal... Daquele momento em diante a música ganhou forma apoteótica e eu... eu senti bastante ódio de mim mesmo... E cheguei a conclusão que estava pagando com a mesma moeda o preço da traição...
Você sabe qual é o preço da traição? Quanto custa... quanto vale? Posso dizer que meu coração por diversas vezes me traiu, em alguns momentos parece que não chegamos ao acordo e é só ouvir acordes dolentes, geralmente em tom menor, que o meu amigo do lado esquerdo do peito se envolve sem me dizer nada.
Digna dos maiores casos passionais a canção "O Preço da Traição", de Silvestre David da Silva, envolve não pela separação como motivo, e sim, pelas consequências dos deslizes mútuos de um casal. Como seria ver seu amor com a outra ou o outro e você pobre coitado, ou não, nos braços de outro ou outra também. Eu não tinha o direito de lhe chamar atenção...
Ah Cabana!!! tanto ouvi falar ao seu respeito, tanta coisa que nem sei... ao som de Martinho, Clara, Beth e muita gente bamba, a nossa gente do samba, ouvi seu talento. Garçom põe a bebida na mesa, eu pago toda despesa, não cobre nada a ninguém... Um dia li que figuras como um dos fundadores de nossa escola e li também que a ida de Neguinho para Nilópolis foi indicação sua. Longe, muito cedo, você escutou o talento daquele que se tornou um dos maiores cantores de samba deste País: Olha a Beija Flor aí gente...
apesar de não ter tido o prazer de conhecê-lo, posto que nos deixaste muito antes de me ver como um compositor, acho que guardando as devidas proporções e evitando comparações o que não é minha pretensão, visto que o prejuízo será meu e a balança tenderia muito a seu favor, temos pelo menos alguma coisa em comum meu poeta. Nós dois habitamos o mesmo espaço, em épocas diferentes sim, mais empunhamos as mesmas bandeiras.
Ilu Ayê, Terra da vida, parceria sua com outro grande compositor: Norival Reis, talvez seja seu maior sucesso, o grande samba da Portela de forma alguma tira o brilho de um pequeno pássaro e a sua cumplicidade com a princesa nilopolitana. Á esta gente que tão bem conheceu, a este povo sambista da maravilhosa e soberana digo: Como é para o bem de todos e felicidade geral da nação, diga ao povo que fico... ao seu lado para sempre ao som desta bateria, ao som desta comunidade que impõe respeito...
Deve fazer quase trinta anos que a ouvi pela primeira vez, foi um tio, muito próximo, em um desses pagodes da vida que puxou O Preço da Traição e depois povoaram a minha memória gravações do Zé Ferreira, O Negro rei da Vila, a mais bonita versão, Bezerra da Silva, Zuzuca e agora há bem pouco tempo, uma gravação fresquinha com o excelente grupo de samba do amigo Leleco, o Samba pra gente.
A pergunta continua... e parece muito intrigante, original, pra não dizer genial terminar a música com um questionamento ao invés de um tradicional desfecho. Salve Cabana, um dos maiores compositores do samba verdadeiro, poeta da Beija Flor, campeão na Portela, que nos deixou quase que profeticamente um ensinamento: Aqui na terra se faz, aqui mesmo se paga, Aqui a gente pragueja e sofre também os efeitos da praga, estou confuso sem saber qual atitude vou tomar: o que faria você em meu lugar?

Fonte: www.sidneyrezende.com

domingo, 22 de julho de 2012

Aniversário do Cabana 22 de julho


Dia 22 de julho de 2012, o grande e saudoso poeta CABANA faria 88 anos. Vamos comemorar e homenageá-lo relembrando seus grandes sambas! Salve o Cabana!

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Cabana, um pioneiro da Azul e Branco

Cabana,  Pioneiro da Azul e Branco.

Silvestre David da Silva, o Cabana é sinônimo de compositor para a Beija Flor. Legítimo pioneiro, Cabana foi figura marcante não apenas na agremiação que ajudou a fundar, mas também na própria construção do moderno carnaval carioca. Passados mais de 25 anos de sua morte, sua importância só faz crescer. E embora tenha deixado seu nome como compositor também em outras escolas, Cabana será sempre associado ao carnaval de Nilópolis.
Inscrito na história da agremiação como autor de seu primeiro samba enredo – “Caçador de Esmeraldas” de 1954 – Cabana foi ainda um dos responsáveis pela criação da Beija Flor como escola de samba propriamente dita: foi ele quem registrou, em 1953, o então bloco Associação Carnavalesca Beija Flor na Confederação das Escolas de Samba para o desfile oficial de 1954, no segundo grupo. O resto é história: “Caçador de Esmeraldas” levou a escola a seu primeiro título e Cabana transformou-se em símbolo da Ala de Compositores da Beija Flor. “Ele tinha um estilo único, tanto de compor quanto de cantar. Era reconhecido em todo o Rio de Janeiro e com ele a Beija Flor seguia junto” afirma Gilson Doutor.
Nascido a 22 de julho de 1924, no bairro da saúde, Silvestre ganhou o apelido de “Cabana” logo que começou a compor em meados dos anos 40. Mesmo não tendo participado da histórica reunião de dezembro de 1948, que criou a Associação Carnavalesca Beija Flor, esteve sempre presente na evolução do então bloco de carnaval.
“Quem trouxe o Cabana para a escola foi o Zairo Rodrigues, o Zairo Gogó de Ouro, o melhor crooner que a escola já teve” conta o compositor Ary Carobinha. “ Na época, o pioneiro compositor já defendia sambas na escolas União Entre Nòs, Deixa Malhar e Unidos da Barão de Petrópolis. Acho que foi quando ele saía nessa escola do Rio Comprido, no final dos anos 40, que tomou a navalhada que lhe deixou uma cicatriz no rosto” recorda Carobinha.
O grande passo para a aparição do Grêmio Recreativo e Escola de Samba Beija Flor foi dado por Cabana em pessoa. Em 1953, ele tomou a iniciativa de registrar a então Associação Carnavalesca como escola propriamente dita. Em seu primeiro carnaval na avenida ( até então só desfilava em Nilópolis e adjacências), a Beija Flor venceu o campeonato do segundo grupo.
Cabana era muito popular, conhecido em todas as  agremiações e rodas de samba. “As músicas que ele fazia levavam o nome dele longe!” diz Carobinha. Com suas boas relações entre os sambistas, Cabana trouxe para a escola compositores importantes com Osório Lima, Walter Batuqueiro e Ary de Lima. Mas ele não era só irreverência e bom papo, nem se restringia a escrever seus cultuados sambas. Trabalhava duro, participando de todas as etapas da confecção do desfile da Beija Flor – da organização dos ensaios ao preparo das fantasias. “Até carro alegórico ele ajudava a montar” lembra Aluízio Ribeiro, presidente da Velha Guarda da escola.
Depois de emplacar em 1962 o samba “Dia do Fico” com o qual a Beija Flor chegou ao segundo lugar do grupo principal do carnaval carioca – Cabana amargou em 1964 o reverso da glória. Defendendo  seu “Café, Riqueza do Brasil”, a escola de Nilópolis foi rebaixada para o terceiro grupo, o fundo do poço em sua história. Coincidência ou não, algum tempo depois o compositor se afastaria da Beija Flor, partindo para a Portela.
Nos cinco anos que ficou na Portela, Cabana teve seu primeiro samba gravado (“Tal é o dia do batizado” para o carnaval de 1967) e firmou as duas principais parcerias de sua vida – Martinho da Vila e Norival Reis. Em 1973, afinal, retornou a Nilópolis, onde mais uma vez foi aclamado como figura histórica na escola. “ Foi uma  tremenda festa quando ele voltou. Apesar de ele ter feito belos sambas na Portela, a casa do Cabana sempre foi a Beija Flor” afirma Aluízio.
Uma das últimas “aquisições” de Cabana para a Beija Flor acabou sendo uma das mais populares também. Foi através de Cabana que o puxador Neguinho da Beija Flor, hoje verdadeiro símbolo da escola de Nilópolis, chegou a agremiação em 1976. “ O Cabana já me conhecia – na época eu cantava no bloco Leões do Iguaçu – e me indicou para o Anízio (Abrãao David). Ele me deu muita força” lembra Neguinho. O pé quente do fundador funcionou: composto e defendido pelo próprio Neguinho, o samba “Sonhar com Rei dá Leão” levou a Beija Flor a seu primeiro campeonato no grupo principal.
Após voltar a Beija Flor, Cabana só venceu mais um concurso de samba enredo. Tem gente que acha isso uma injustiça. “ Quando ele voltou, as coisas não ficaram como eram antes. Na verdade, diziam que o estilo dele estava ultrapassado, não servia mais. Mas a boa música nunca fica ultrapassada” diz Gilson Doutor.
Cabana compôs seu último samba em 1986, uma parceria com C arlinhos Criação. Vitimado por um enfarte, morreu no dia 18 de dezembro, aos 62 anos. Seu corpo foi velado na quadra da escola, ao som de muito samba, como era seu desejo expresso. Ary Carobinha recorda emocionado: “ Foi uma grande roda de samba. A bateria chegou, e cantamos todos os sambas dele, a noite inteira.
(Fonte: Revista do Salgueiro 2002)

Cabana leva "Neguinho" para a Beija Flor


Uma das últimas “aquisições” de Cabana para a Beija Flor acabou sendo uma das mais populares também. Foi através de Cabana que o puxador Neguinho da Beija Flor, hoje verdadeiro símbolo da escola de Nilópolis, chegou a agremiação em 1976. “ O Cabana já me conhecia – na época eu cantava no bloco Leões do Iguaçu – e me indicou para o Anízio (Abrãao David). Ele me deu muita força” lembra Neguinho. O pé quente do fundador funcionou: composto e defendido pelo próprio Neguinho, o samba “Sonhar com Rei dá Leão” levou a Beija Flor a seu primeiro campeonato no grupo principal.
(Fonte: Revista da Beija Flor 2002)

Cabana e a estréia da Beija Flor como escola de samba

O Grêmio Recreativo e Escola de Samba Beija-Flor foi fundado no natal de 1948. Um grupo formado por Milton de Oliveira (Negão da Cuíca), D. Eulália (mãe de Milton), Edson Vieira Rodrigues (Edinho Ferro-Velho), Helles Ferreira da Silva, Hamilton Floriano e José Fernandes da Silva resolveu formar um bloco, batizado de Beija-Flor por sugestão da mãe de Milton, inspirado no Rancho Beija-Flor, da cidade de Valença. Em 1953, Cabana (Silvestre David dos Santos), da Ala dos Compositores, inscreveu o bloco Associação Carnavalesca Beija-Flor, como Escola de Samba, na Confederação das Escolas de Samba para disputar o desfile do segundo grupo no ano seguinte. A Beija-Flor foi campeã com o samba-enredo  "Caçador de esmeraldas", de autoria de Cabana, subindo para o primeiro grupo. 



sábado, 9 de junho de 2012

Martinho da Vila canta Dia do Fico (Cabana) Beija Flor 1962



DIA DO FICO (Autor: Cabana) 

Como é para o bem de todos
E felicidade geral da nação
Diga ao povo que fico"
Isto aconteceu
No dia nove de janeiro de mil oitocentos e vinte dois
Data que o brasileiro
Jamais esqueceu
Data bonita e palavras bem ditas
Que todo povo aplaudiu
Preconizando D. Pedro I
O grande defensor
Perpétuo do Brasil
Foi uma data de glória
Exuberante em nossa História
Esta marcante vitória deste povo
Varonil
Também exaltamos agora
Homens que lutaram pelo Fico no Brasil
José Clemente Pereira e José Bonifácio
Que entregaram no palácio a petição
Rogando a D. Pedro I
Que permanecesse em nossa nação